terça-feira, 22 de dezembro de 2020

 



NESTE NATAL!

No céu azul profundo desta noite longa,
Busco a estrela, o cometa, a fulgurante Luz,
O guia certo que me leva a Ti, Jesus!

Tanto anseio encontrar-Te, em Belém,
No regaço de Maria, Tua Santa Mãe,
E, entre Magos e pastores, em adoração,
Encher, do Teu Amor, meu coração.

À Tua inocência terna de recém-nascido,
À seriedade sábia de rapaz crescido,
Ao carisma viril de homem adulto,
À Tua Divindade, prestamos culto.

Jesus, que, por amor a nós, morreste na cruz,
Lança, sobre a Terra, Tua divina Luz!
E se for vontade Tua, livra-nos de toda a dor,
Sê nosso caminho para o Senhor!

Ilona Bastos

terça-feira, 4 de junho de 2019




FAUNA & FLORA - Da matéria das estrelas
Introdução

No início, "Fauna & Flora" destinava-se a reunir textos inspirados nas plantas e nos animais que encontramos no nosso quotidiano predominantemente citadino – aqueles seres que, por fazerem parte do nosso dia-a-dia, muitas vezes não vemos nem valorizamos, mas que, se atentamente observados e acarinhados, nos reconciliam com a Natureza e a vida, e, por conseguinte, connosco mesmos, como parte que somos de um todo grandioso e magnífico.

Assim, incluí escritos sobre as sementes que misteriosamente germinam num canteiro, as flores que perfumam a avenida, o arvoredo que emoldura a paisagem, os jardins românticos, o voo largo das gaivotas, os gatos rabinos, os cães, que tanta alegria e sofrimento nos trazem, os periquitos a lembrar uma aguarela, os besouros a entrar, voando, pela janela adentro... Enfim, sobre este conjunto a que, imprópria e ousadamente, me permito chamar fauna e flora da cidade. Poderíamos pensar que todas estas construções em vidro e betão pelas quais passa a nossa vida – os edifícios, as estradas, as pontes, etc. – nos isolariam da Natureza. Contudo, isso não acontece.

A Natureza encontra sempre meios de se afirmar – nem que seja fazendo nascer a erva por entre as pedras da calçada ou arquitectando um ninho de andorinhas por debaixo de uma janela de sacada.

Por outro lado, também a própria sensibilidade humana procura, desvenda, recebe todos esses sinais de vida, na Natureza se aninhando, como sua parte integrante.

Apercebi-me de que, ao escrever sobre a Natureza, sobre mim escrevia, e que, ao descrever a Natureza, a mim me retratava, dada a inegável simbiose existente. Somos, na verdade, um todo inextricável.

Portanto, a ideia inicial foi-se transformando e dilatando, passando “Fauna & Flora” a acolher também os textos em que, através da Natureza, sinto, e por ela me exprimo. E por esta via, sei-o, os caminhos são muitos, longos, ilimitados…

Encantou-me, igualmente, a revelação de que, não só tudo o que existe na Terra constitui um todo indissociável, como também o nosso próprio planeta faz parte de uma realidade cósmica de amplitude infinita, acontecendo que nós, e todos os seres e objectos existentes, somos feitos das mesmas partículas essenciais que compõem a matéria conhecida do Universo. Por outras palavras, somos feitos da mesma matéria das estrelas.

Tal princípio exponencia o que nos cerca – neste caso, a fauna e a flora – num grau de incomensurável grandiosidade. Sob esta luz, a folha, a flor, o pássaro ganham nova perspectiva, complexidade, dimensão.

Esta, a explicação para o surpreendente subtítulo, que desejo ilumine toda a obra.

Gostaria que, tal como eu, possa o Leitor sentir como é realmente magnífico este todo de que fazemos parte!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

 
ESPANTOSO ESPANTO 


Observando a quietude impoluta
deste início de tarde outonal,

o céu de um profundíssimo azul,
o sol de um glorioso brilho,
as nuvens, em pinceladas largas,
navegando em transatlântica suavidade
pela serena frescura do ar,

na amenidade deste dia maravilhoso,
contando os aviões em diferentes lonjuras,
altitudes e direcções, que sulcam rectas
perfeitas, de um branco puro e luminoso,

volta a espantar-me o contraste,
a estranheza do simples facto
de que nesta plácida hora
em que apenas o leve rumor das folhas
agita candidamente a paisagem,

neste quietíssimo minuto
em que só a brisa belisca ao de leve
a poética composição espácio-temporal,

neste exacto segundo
em que desenho caprichosamente
as palavras reveladoras do meu espanto,

a Terra, este planeta em cujo solo
tão confiadamente assentamos os nossos pés,
roda, gira e rodopia sobre si mesma,
a estonteante velocidade, em redor do Sol
e do centro de uma galáxia em rotação,
por um universo infinito em contínua expansão!

Espantoso espanto? Sem dúvida!
Se sempre o soube, se sempre
racionalmente o compreendi,
donde a surpresa e o assombro?

Dupla incongruência
da misteriosa natureza das coisas... 

Ilona Bastos

sexta-feira, 2 de junho de 2017

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  Livro de Poesia de Maria da Fonseca

 "Momentos de Harmonia", primeiro de dois volumes subordinados ao tema “Poesia da Natureza”, reúne textos de uma sensibilidade tocante, em que a descrição da Natureza nas suas quatro estações surge imbuída de fé, esperança e amor pela humanidade e toda a criação. Sendo uma poesia aparentemente simples, nela encontramos um grande rigor métrico e vocabular, e uma profundidade que não macula, porém, a luminosidade do estilo nem a beleza serena das imagens.
Este livro, de Maria da Fonseca, constitui um verdadeiro lenitivo para a alma, tão valioso nos atribulados dias que vivemos.

domingo, 12 de junho de 2016

 

Telhados de Lisboa


Batidos de sol da tarde,
Brilham telhados vermelhos,
Salpicam, sem grande alarde,
A colina, de mil espelhos.
.
São faces ao céu erguidas,
Flores de um jardim-cidade,
Telhados, marcos de vidas,
Seres eternos, sem idade.
.
Róseos, ténues, pardacentos,
No claro-escuro da serra,
Surgem às dúzias, aos centos,
Altares nascidos da terra.
.
Seu luzir a prece soa,
Silente, forte louvor,
Que as gentes de Lisboa,
Dedicam ao Criador.


quinta-feira, 2 de junho de 2016



                               
 
No Rossio Eram Gaivotas
 
Consegui, finalmente, reunir os poemas escritos na Primavera e no Verão - poesia optimista, a festejar a chegada do bom tempo e do estado de espírito que consigo traz.
Não foi fácil. A verdade é que o Outono e o Inverno sempre me foram mais inspiradores. Os estados mentais de tonalidades sombrias, mais frequentes e complexos, induziam-me à introspecção. Servia, então, a escrita, como um lenitivo. Com ela desabafava tristezas, identificava causas, analisava questões, retirava conclusões. 
Já a felicidade e a alegria, apesar de mais difíceis de alcançar, tornam-se simples na sua expressão escrita. Raramente me obrigo a analisar o que me causa contentamento. Prefiro abandonar-me e viver o momento, usufruir desse estado mental que sinto gratificante.
Por outro lado, é também delicado alinhar, de forma lógica e consonante, poesia escrita com muitos anos de diferença e até em estilos diversos.
Há, no entanto, um denominador comum que perpassa todos os textos e torna possível a sua convivência pacífica - aquilo que de mais perene existe em mim e que, com a evolução própria da maturidade, vou agora identificando: a sistemática procura de respostas para as dúvidas mais profundas, a busca de paz interior e de harmonia com o mundo.
No estádio actual da minha vida, em que a espiritualidade, a busca de paz e de felicidade constituem notoriamente o cerne do meu interesse, o estado mental de grande parte desta poesia é-me familiar e até revelador. 
Surpreendentemente, parece-me que só agora compreendo o que então escrevi levada pela intuição ou inspiração. Como se o passar do tempo fizesse levantar o véu que cobria aqueles versos, conferindo-lhes maior nitidez.
Na verdade, nunca deixo de me espantar com o facto de as mesmas palavras e frases terem significados diferentes, a tantos níveis, podendo ser interpretadas diversamente conforme a identidade e o estado de espírito do destinatário!
A capa foi outra questão muito estudada. Tentei várias versões e submeti-as ao veredicto público (a família, a quem agradeço muito a paciência e o apoio!). 
Venceu, por maioria altamente qualificada, esta capa de azulejos, a condizer com as imagens no interior do livro. Trata-se de ilustrações relativamente recentes, que sempre tive em mente passar ao papel quando tivesse oportunidade. Sabia que já havia desenhado algo semelhante na minha juventude, mas fiquei realmente surpreendida ao encontrar "azulejos" destes (exactamente assim) desenhados nas últimas páginas dos meus cadernos do liceu e da faculdade (alguns com quarenta anos!).
Enfim, interior e capa concluídos, registos feitos, posso dar esta missão como cumprida.  "No Rossio Eram Gaivotas" está nos escaparates da Amazon, lançado para o Mundo.
Espero que gostem!


quinta-feira, 17 de setembro de 2015


A Roseira


Tenho uma roseira, num vaso, em cima da minha secretária. Nem sempre dá flor, mas cresce, verde e viçosa, em direcção à janela. Rodo-a de vez em quando, e ela volta sempre a dirigir os seus ramos e folhas para a luz.
Cuido dela com ternura e observo-a carinhosamente.
É a minha amiga no trabalho.

Há duas semanas, depois das férias, os ramos tornaram-se pálidos, as folhas esmaeceram e muitas delas caíram.
Penso que foi por excesso de água. A senhora que a regara durante as férias continuou, possivelmente, a fazê-lo. E também eu a reguei, sem saber desta duplicação.
Foi triste ver a roseira despida, debilitada, a sua vida em suspenso.

Resolvi tratar do assunto: escoei bem o líquido em excesso e deixei a planta repousar.
Observei que alguns dos ramos estavam já demasiado altos, e tomei uma decisão corajosa. Cortei-lhes dois segmentos, e introduzi-os na terra (como um engenheiro agrónomo me havia ensinado). Fui cuidadosa, mas receei ter procedido mal e condenado ainda mais a planta, já de si a atravessar uma fase de tão grande debilidade.

No dia seguinte, verifiquei, com satisfação, que os ramos estavam mais verdes. E poucos dias volvidos toda a roseira apresentava sinais de renascimento. Ao longo dos caules, incluindo os agora espetados na terra, de cima a baixo, começaram a rebentar folhas, naquele verde tão impregnado de vida que nos emociona.

A cada nova manhã me encanto com a riqueza e exuberância desta pequena roseira plantada no vaso que se encontra em cima da minha secretária.
Olhá-la, leva-me a dar graças a Deus, a louvá-lo e agradecer-lhe o milagre da vida. E compreendo finalmente: se Deus cuida dos lírios do campo, se Deus está com esta pequena e frágil planta, como não estará connosco? Como não cuidará de nós? Só se não o permitirmos, evidentemente. Se não lhe abrirmos o nosso coração e o nosso ser.

Detenho a minha atenção nos dois ramos cortados da planta doente e plantados directamente na terra. Já apresentam muitas folhinhas novas – eles, que pareciam dois pauzinhos sem futuro. 
Tal como os outros, revelam, a intervalos regulares, pequenos brotos verdes, prometedores de novas folhas e flores.

Não estão o roubar a terra aos outros, estes novos ramos, pois que o vaso não estava todo ocupado, e apresentava até algumas zonas a descoberto.
Mesmo com os dois ramos recém instalados, continua a haver espaço para mais, se for necessário. 
A roseira apresenta-se agora mais sadia do que nunca.

Meu Deus! Que prazer é vê-la agora! Emociona-me e, na verdade, dá-me que pensar.


Ilona Bastos

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014