segunda-feira, 25 de agosto de 2008


Junto ao caixão do filho, a mãe desmaiou. Pediram ajuda a um médico que acompanhava o velório. Procuraram água, uma bolacha, um chocolate, algo doce que pudesse reanimá-la. E, aparentemente, tudo se compôs com a mãe. Não com o filho, que jazia morto no caixão. Na mãe, a morte aninhava-se por dentro, já que a senhora parecia viva quando se aproximou cambaleando, chorando em desespero, junto à porta da casa mortuária. Morreu o filho de quarenta anos e levou consigo a alegria da mãe. Como aquelas viúvas sempre tristes, vestidas de negro – assim vive a mãe que perdeu o filho. E só nos netos a vida continua.


Perdoa-me as palavras que te disse, que as disse em desespero total.
Perdoa as palavras mais fortes e magoadas. Perdoa as mais gritadas, angustiadas. Perdoa as cortantes, estranguladas. As que da minha boca partiram como facas sobre mim própria lançadas. Perdoa-me as palavras que te disse, que as não disse por mal. Sabes que não foram sentidas. Acredita que não foram queridas. Perdoa-me, que foram ditas apenas porque temidas, nesse momento fatal…

Múltiplos alertas lançam a mensagem de iminência de crash no sistema. Spywares e outro software altamente nocivo parecem ter invadido o nosso computador. Sucedem-se os avisos, assustadores! Agora é um software malicioso que procura alterar o sistema…
Será mesmo isso ou trata-se apenas de rivalidade entre antivírus? É que o Panda está a analisar o sistema e o XP antivírus põe-se aos gritos: “Socorro! Socorro! Vem aí o lobo!”
Vinte e dois vírus detectados, dezasseis desinfectados, cinco com o nome mudado – anda um à solta!
Mas o verdadeiro crash deu-se antes do jantar, contra a porta do armário da cozinha, aberta a meio caminho entre a banca, onde cortava morangos e os cobria de açúcar, e a sala, onde o telefone berrante por mim chamava, insistente! Um momento de precipitação e deu-se o encontro dramático entre o meu crânio e o contraplacado do armário… Ai, Ai, Ai, ainda me dói a cabeça… e o XP continua: “Perigo de crash! Ameaça de crash!”.
Era mesmo o que me faltava, às duas e quarenta e três da madrugada!
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Ilona Bastos

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