quinta-feira, 17 de setembro de 2015


A Roseira


Tenho uma roseira, num vaso, em cima da minha secretária. Nem sempre dá flor, mas cresce, verde e viçosa, em direcção à janela. Rodo-a de vez em quando, e ela volta sempre a dirigir os seus ramos e folhas para a luz.
Cuido dela com ternura e observo-a carinhosamente.
É a minha amiga no trabalho.

Há duas semanas, depois das férias, os ramos tornaram-se pálidos, as folhas esmaeceram e muitas delas caíram.
Penso que foi por excesso de água. A senhora que a regara durante as férias continuou, possivelmente, a fazê-lo. E também eu a reguei, sem saber desta duplicação.
Foi triste ver a roseira despida, debilitada, a sua vida em suspenso.

Resolvi tratar do assunto: escoei bem o líquido em excesso e deixei a planta repousar.
Observei que alguns dos ramos estavam já demasiado altos, e tomei uma decisão corajosa. Cortei-lhes dois segmentos, e introduzi-os na terra (como um engenheiro agrónomo me havia ensinado). Fui cuidadosa, mas receei ter procedido mal e condenado ainda mais a planta, já de si a atravessar uma fase de tão grande debilidade.

No dia seguinte, verifiquei, com satisfação, que os ramos estavam mais verdes. E poucos dias volvidos toda a roseira apresentava sinais de renascimento. Ao longo dos caules, incluindo os agora espetados na terra, de cima a baixo, começaram a rebentar folhas, naquele verde tão impregnado de vida que nos emociona.

A cada nova manhã me encanto com a riqueza e exuberância desta pequena roseira plantada no vaso que se encontra em cima da minha secretária.
Olhá-la, leva-me a dar graças a Deus, a louvá-lo e agradecer-lhe o milagre da vida. E compreendo finalmente: se Deus cuida dos lírios do campo, se Deus está com esta pequena e frágil planta, como não estará connosco? Como não cuidará de nós? Só se não o permitirmos, evidentemente. Se não lhe abrirmos o nosso coração e o nosso ser.

Detenho a minha atenção nos dois ramos cortados da planta doente e plantados directamente na terra. Já apresentam muitas folhinhas novas – eles, que pareciam dois pauzinhos sem futuro. 
Tal como os outros, revelam, a intervalos regulares, pequenos brotos verdes, prometedores de novas folhas e flores.

Não estão o roubar a terra aos outros, estes novos ramos, pois que o vaso não estava todo ocupado, e apresentava até algumas zonas a descoberto.
Mesmo com os dois ramos recém instalados, continua a haver espaço para mais, se for necessário. 
A roseira apresenta-se agora mais sadia do que nunca.

Meu Deus! Que prazer é vê-la agora! Emociona-me e, na verdade, dá-me que pensar.


Ilona Bastos