domingo, 18 de janeiro de 2009


Não sei se mais aprecio o veludo acolchoado dos pinheiros mansos a cobrir a encosta, se a desenvoltura flamejante dos pinheiros bravos a estamparem-se contra o eucaliptal.

Só sei que uma súbita emoção me toma quando avisto o verde escuro das copas contra o céu azul soberbamente nublado.

Deixem-me o verde, deixem-mo, depois de tudo ir.
Deixem-me os ramos dos pinheiros, a seiva,
O mato, as sebes, quando for hora de partir.
Deixem-me os vários tons, as formas,
As mais incautas plantas, mesmo se tudo ruir.
Deixem-me o verde, somente o verde, deixem-mo
Até que seja tempo de florir.

Mesmo que azul não haja, deixem-me o verde.
Mesmo que a luz se apague, deixem-me o verde.
Mesmo se há choro e lama, deixem-me o verde...

.É ali, naquele recanto, que eu vou esconder-me.
É ali, junto à erva fresca e orvalhada,
Que eu vou perder-me.

Dali farei o meu mundo. Ali reinarei, soberba.
E não me sigam, não me procurem, não me encontrem.
Ali, ali estarei e ficarei, feliz.


IIona Bastos

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