sexta-feira, 27 de março de 2009

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O TEMPO
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Quando voltará o tempo
a estender-se a nossos pés
como uma planície verdejante?
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Que saudades das tardes imensas,
infinitas, em que brincávamos,
corríamos, descansávamos
e líamos, horas a fio,
esses romances que nos enchiam a alma
e que em nós se tornaram!
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Durmo demais ou de menos?
Sou lenta ou, antes,
apressada em demasia?
Manhãs e tardes esfumam-se
na voragem do dia-a-dia…
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Nervosamente antecipo o pôr-do-sol,
enquanto percorro este labirinto
feito de momentos compartimentados,
intercalados por corredores
apinhados de ânsias e temores,
que são o meu tempo de hoje.
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Sonho com o regresso do tempo infindo,
em que o corpo voltará a correr livre,
como criança, e o espírito, ousado,
voará mais alto do que nunca!
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Tanto desejo esse tempo!
Tanto planeio criar
nessa planície verdejante!
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Caiam paredes!
Dilate-se o espaço!
Germinem sementes!
Estenda-se a nossos pés
a imensidão do tempo!
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Ilona Bastos
Lisboa, 15 de Dezembro de 2004
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Gabriel Fauré: Pavane, Op. 50
Paintings By "CLAUDE MONET"
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