quinta-feira, 9 de dezembro de 2010


NEVOEIRO


Lembrando uma paisagem escandinava
Desenham-se, além dos vidros da janela,
Os traços suaves dos ramos de pinheiro,
Esbatidas manchas de quadro em aguarela,
Por entre o esbranquiçado frio do nevoeiro.

Também, mais próxima, desmaiada, a relva
Se distancia, neutra, na densa neblina,
E o fundo baço, que esconde o arvoredo,
Envolve o céu e a vida, em leve musselina.

Só um vulto, esbelto, vem descendo, ledo,
A longa escadaria, que o nevoeiro adoça,
E uma gaivota livre, de asas prateadas,
Planando baixo, os seus cabelos roça.

Agora, vejo as nuvens, rasas e molhadas,
Correrem, junto à erva, em desfilada,
Afugentando o véu, os seres, a quieta paz
Desta atmosfera idílica, encantada.

Soprando velozmente, vem o vento e faz,
Agreste, forte, intenso, espantar a magia
Do nevoeiro imenso, prenhe de mistério,
Que a manhã cobriu, neste invernoso dia.

Então, no céu, o azul retoma o seu império,
O sol inunda a relva, a rua, todo o parque,
Regressam vozes, passos, gente radiosa,
Da vida, a cor, o brilho, a infinita arte...

E, na transparência pura, gloriosa,
Desta pintura bela, perfeita em limpidez,
Na Natureza rica, na vívida Criação,
Esboça-se, com espantosa nitidez -
A imagem de Deus - sublime Revelação!


Ilona Bastos

3 comentários:

Maria Fonseca disse...

NEVOEIRO é um poema belo e transcendental em toda a sua perfeita descrição. Muitos Parabéns,querida Ilona. É digno de uma ilustre escritora.
Beijos, Maria

sinfonia disse...

Venho desejar-lhe um FELIZ e SANTO
NATAL extensivo a sua amília.
Um beijo.Irene

Ilona Bastos disse...

Muito obrigada, Irene. Também para si e todos os seus vão os nossos votos de um Santo Natal e de um Feliz Ano Novo! Um grande abraço, Ilona