domingo, 9 de agosto de 2009


É difícil, sim, prosseguir esta caminhada solitária em que não existe resposta aos nossos apelos. Como o conseguimos antes? Levados por um impulso inicial, que nada parecia deter ou refrear. Não contava, então, o silêncio que perseguia as nossas palavras. Nem o eco, por vezes perturbante, das releituras insistentes que fazíamos, esperançados de encontrar a resposta na própria pergunta formulada.

Depois, não sei porquê, tudo se tornou diferente. Onde dantes se avistava um campo fértil - em que uma nova planta sempre se destacava, do solo surgida -, nasceu um deserto com as suas dunas, apenas interrompido por súbitos e tristes oásis, que mais faziam sobressair a desolação em redor.

Agora, lendo outrem que do mesmo modo esmoreceu, se apagou e deixou simplesmente um antigo rasto no ciberespaço, senti-me compreendida e acompanhada neste caminho solitário que ambas percorremos, cada uma por si, inicialmente inspiradas e felizes, mais tarde desiludidas e murchas, como a flor que brilhou ao sol e encantou, mas finalmente viu perdido o seu fulgor e se escondeu entre as páginas fechadas de um livro que ninguém lê.

Nem vejo o que escrevo, mas isso não interessa. Não é agora o desenho das palavras que me toca, nem a estética dos seus traços sulcando o papel - conta somente a torrente que da minha alma jorra e nesse desabafo intempestivo encontra inesperada pacificação.

Como eu, também tu percorreste esta via, indiferente à indiferença, auto confiante e esperançosa, adivinhando algo que nos últimos meses perdeu contornos e se esfumou, mas que uma súbita luz faz ressurgir no horizonte.

Talvez agora regresse. Quem sabe o reencontro tenha acontecido e de mim para mim possa retomar o diálogo que o tempo interrompeu mas não calou em definitivo.
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Ilona Bastos

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