quinta-feira, 22 de março de 2012


Uma questão de  luz

Caminhando, ontem, pelas Avenidas Novas, ao entardecer, foi o meu olhar atraído por um edifício largo e antigo, em cuja fachada se estampava uma faixa dessa luz mágica com que o sol poente acaricia a Terra antes de se despedir para uma nova noite.
Encantado, deixou-se o meu olhar prender por essa luz, ao cimo, à esquerda, para depois descer sobre os braços escuros, sólidos, retorcidos, longos, dessas árvores elegantes, ágeis, plásticas,  que se erguem, como esculturas, na placa central da avenida.
E então, numa rápida e rodopiante dança de asas e penas negras, num chilrear múltiplo, exuberante, duas aves se lançaram voando do  ramo mais alto da árvore, em evidente namoro.
Quase perdi o fôlego, tal a beleza quase cinematográfica desta sequência inaudita: a luz mágica do sol poente estampada sobre a fachada antiga; o conjunto escultural das árvores, plenas das três dimensões, erguendo-se a meio do cenário; o visível rodopiar canoro de asas e penas negras por entre os ramos bem delineados, sob uma abóbada de verde!

Ilona Bastos

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