quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Formas leves, amarelas, delicadas
O Outono anuncia-se já, nas folhas esvoaçantes lançadas das árvores.
Daqui, donde me sento, que os ramos não avisto, só o espargir das folhas, a avivar
a paisagem, me surpreende, ou antes, acalma, na reconfortante constatação de
que o tempo passa, as estações se sucedem, nada pára, e também eu seguirei o meu
caminho.
Que bizarria, que paradoxo! Como pode tranquilizar-me a
ideia de que rapidamente avanço para o inexorável fim?
Talvez que o não sinta desse modo – antes como a visão do
rio, cujas águas fluem, velozes, espumosas, para a foz. E quanto mais depressa
correm, maior a sensação de vida – na verdade, a dimensão de vida. Águas
paradas lembram a morte – ainda que a vida pulule no charco, não é a vida sã do
peixe que nada e salta, e chegado ao mar percorre oceanos; não é a vida das árvores
que da margem se debruçam, viçosas, e na água se nutrem, deslumbrantes…
Na mudança constante, no movimento, reside a vida. E é ela
que me surge, subitamente, nestas formas leves, amarelas, delicadas, que o
vento lança sobre a paisagem.
Ilona Bastos
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