domingo, 5 de setembro de 2010

Fotografia de Ilona Bastos

POEMA-QUADRO

Do traçado breve
desenhando um vulto sentado à janela
liberta-se não sei que estranha calma,
que suave paz.
São as mãos esguias
pousadas sobre os joelhos.
São os olhos plenos de paisagens
lançados além vidros.
É o recostar no espaldar de uma cadeira
numa imobilidade que não fere as dimensões
nem o silêncio, e em si se afirma ser.
.

Eloquente, a vida existe
impregnada nas rectas de um tampo de madeira
que é mesa e paleta,
no esboço de um cilindro
que é caneta e pincel,
no brilho de uma janela
que é papel e tela
onde se compõe um poema-quadro.

Ilona Bastos



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