sábado, 23 de agosto de 2008

Maravilhoso, o espectáculo das nuvens a vogar sobre a planície! Distraem-me da leitura, atraem o meu olhar para a janela, e fascinam-me. Não mais consigo afastar os olhos destas fantásticas manchas tridimensionais, em variados tons de crescente luminosidade, entre o cinzento chumbo e o branco translúcido. Movo-me à velocidade do comboio, mas também elas se movem, as nuvens, numa marcha solene, imponente, misteriosa. São espantosos armazéns de água, que pelos céus se deslocam, distribuindo o precioso líquido pela terra.
Poderá este sistema fantástico funcionar ao acaso? É tão difícil concebê-lo e aceitá-lo! A ideia de Deus vem-nos também desta colossal imagem que, se melhor pensada, reforça o espanto, o encantamento, a fé!
Nesta Natureza grandiosa, não vejo maldade, ódio ou desespero. Apenas beleza, inteligência, perfeição! O verde da vegetação, o voo das aves, o azul magnífico do céu, o vermelho incomparável das papoilas, o laranja dos frutos a espreitar de frondosas copas, a arte rendilhada dos ramos das árvores, a quietude, a vastidão, a sombra das montanhas a desenhar o horizonte, o brilho da erva, o lilás da alfazema, a elegância dos canaviais, o adorável recorte de um súbito monte, a maciez das encostas acastanhadas, o luzir de um ribeiro…
Tudo, tudo nesta Natureza é tão belo, harmonioso, inteligente!
.
Ilona Bastos

Sem comentários: