quarta-feira, 27 de agosto de 2008


Perfeitos, ainda há pouco, o vento e o sol transformam-se por momentos: sobrepondo-se o primeiro, enfraquecendo o segundo.
Mas, é breve, este momento de desconforto, e logo regressa a harmonia.
Retorna o vento ao seu lar – talvez a copa desta frondosíssima árvore que diante de mim se ergue e se espraia, imponente na dimensão do seu tronco, poderosa nos movimentos dos seus ramos e folhas…
Quanto ao sol – é o sol das seis e meia de uma tarde de Agosto!
Um e outro, vento e sol, aliam-se na criação deste cenário fantástico, em que a areia brilha, calma e clara, e as árvores, nos tons verdes e escuros próprios de jardim romântico, prometem simultaneamente sossego e aventura, ousadia e segurança.
Para quem está no jardim agora, não existe outro mundo que não seja este. Diluídos na sinfonia das folhas agitadas, os ruídos dos automóveis apagam-se, as vozes atenuam-se. Não há senão paredes palacianas e chilrear de pássaros, e espantadas frases titubeadas por uma criança. Se o cão ladra, a ave responde. E o vento, poderoso, vocifera, mas cala-se de novo. Movimenta-me o cabelo, fazendo crer que é carícia. Volta-me as páginas do livro, mas recoloca-as no seu lugar, como se o fizera por engano. Encaminha as folhas caídas, pelos carreiros fora, qual brincadeira inocente. E os ramos acenam, soberbos. O sol sorri, tudo desculpando. É folguedo de juventude, este desacato do vento a transformar a paisagem.
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Ilona Bastos

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