Mas, no meu íntimo mora a convicção de que tanto a encontrarei a ela – à Verdade – nestas ruas familiares da cidade amada, como em quaisquer outros locais distantes.
Não o fez Fernando Pessoa, sem quase sair de casa?
A Verdade encontra-se tanto nas prelecções elaboradas do sábio de Oxford, como no discurso chão do agricultor alentejano. Tanto nos Campos Elísios ou no Tibete, como nas pedras molhadas da rua das traseiras.
Só é preciso saber vê-la, saber lê-la, saber escutá-la. E se a não encontrarmos aqui, não a encontraremos em mais lado nenhum, com certeza.
Pequenas centelhas, aqui e ali, inesperadamente, trazem-nos à vida: ontem, imprevisivelmente, a “Janela indiscreta”, de Alfred Hitchcock; hoje, “Sonnenblummen”, de Manfred W. Juergens.
Que estranha, mas bela, visão!
As folhas jovens, de um verde pálido (perfeitos, os recortes das suas tenras faces), espalhadas profusamente pelo empedrado negro.
Se não houve vento, se não houve chuva, se o Outono vem longe, como se compreende este cenário belo mas inusitado?
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Ilona Bastos












Importante foi o odor forte a clorofila, o vento a balançar os ramos, as nuvens molhadas no céu, a ameaçar tempestade.
Conseguiremos, sequer, pensar para além do politicamente correcto? Ou tanto nos cerceia a “verdade” actual, defendida exaustivamente pelos media – que chegam ao ponto de humilhar publicamente quem reclame uma posição contrária – que tememos aproximar-nos doutras águas, doutras correntes, doutros pensamentos?
Erro meu, comer três iogurtes de empreitada! Como surpreender-me, agora, com o que era por demais previsível? Um novo atraso na hora de dormir…




