domingo, 26 de outubro de 2008


E se eu largasse o meu olhar?

E se o deixasse percorrer o mar imenso,
Lançar-se, livre, no céu infinito,
Cavalgar pela planície, até ao horizonte?

E se o meu olhar tudo abarcasse
(A humanidade, a fauna, a flora!)
E nele guardasse toda a criação?

E se o meu olhar fosse microscópico
E distinguisse o grão, a gota, a bactéria?

E se o meu olhar fosse macroscópico,
E nele coubessem todas as estrelas e as galáxias?

E se visse o invisível, e, para si, as ondas,
Os aromas e os sons mostrassem cores
E formas dos outros desconhecidas?

E se eu seguisse o meu olhar, e com ele...

Nadasse os oceanos, tal um golfinho,
Voasse pelo azul, como gaivota,
Ganhasse velocidade sobre a pradaria?
(Cavalo selvagem, outrora detido, agora liberto…)

E se tudo soubesse do que via
E a razão de tudo se revelasse?

E se atingisse a molécula, o átomo, o quark,
A mais ínfima partícula, e entendesse
Afinal, do que é construído o Universo?

E se o meu olhar e eu fossemos o mais longe
que é possível ir, e regressássemos
o mais depressa que é possível vir, para contar?

Que encontraríamos e saberíamos,
Que contaríamos, eu e o meu olhar?

Ilona Bastos
.
Wild Horses (Ennio Morricone For a few dollars more)
Vídeo by LonelyMoonRise

Sem comentários: