terça-feira, 9 de setembro de 2008


A inspiração pode surgir de onde menos a esperamos: da simples folha de árvore, pousada sobre o empedrado escuro do passeio; da lagartixa que nos espreita da fresta do muro; das conversas e desabafos daqueles que por nós passam, tantas vezes alheados de tudo o que não seja o seu próprio mundo…
Daí a necessidade de estarmos atentos ao que acontece em redor. Isto é, se queremos entender a realidade e descrevê-la!
Certamente que a nossa atenção é parcial e direccionada. Se observamos a lagartixa – a sua cabecita esperta, listrada de verde, surgindo da pedra – ignoramos o comboio troante, que avança soberbo sobre a paisagem. Se escutamos as conversas passantes, abstraímos da flor, que o vento arrancou, e veio pousar, desconsolada, no chão.
Mas, que fazer, se não podemos acompanhar simultaneamente tudo o que nos rodeia?


Pétala macia
Que no regato flutua
É veleiro audaz.

*

Eis a Primavera!
Botões florescem no vaso
Pintado no quadro

*

Estranha sensação –
Viver a um só tempo
Inverno e Verão!

Ilona Bastos

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