sábado, 27 de setembro de 2008

Que me perdoem, mas as palavras que agora saboreio não são minhas, são de outros: de Heinrich Boll, nos seus contos irónicos; de Marco Pólo, na narrativa das suas aventurosas viagens. Nestes textos – e noutros, tantos, que por meus olhos pairam, sedutores – encontro consolo para os pensamentos melancólicos que me povoam.


Seja como for, são as imagens, o que neste momento me atrai. É a câmara que me compensa. É o jogo da luz, das cores e das formas, que me prende.
.
Ilona Bastos
.
.
No Outono
.
Escuta-me! Só sou, verdadeiramente, no Outono.
Só sou, verdadeiramente, quando as folhas
iniciam o processo de amarelecimento nas árvores.
.
Começo a ser com as primeiras nuances
a desprenderem-se, brandamente, dos ramos,
a balançarem, quase imperceptivelmente, no ar,
a pousarem, tímidas, a um canto da calçada.
.
Cresço no acumular de ousadias douradas pelo passeio.
.
Sou nas primeiras manhãs de céu encoberto,
as árvores despojando-se de véus esvoaçantes na aragem...
.
Esquece o Verão insensato em que não fui.
Procura-me no Outono.
.
Ilona Bastos
.
.

Sem comentários: